sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pessoas

     Na manhã seguinte, quando Simon chegou ao trabalho, Greg estava sentado em sua sala. Não consegui prestar atenção no show que fui ver ontem à noite, e a culpa é sua, disse Greg.
     O que aconteceu?
     Simon, acho que você descobriu alguma coisa, e isso me deixa assustado e eufórico ao mesmo tempo. Pedi a Sandra que cancelasse todos os compromissos que você teria agora de manhã. Quero conversar mais sobre as pessoas e seus sonhos.
     Simon sorriu. Sua relação com Greg sempre fora muito mecânica. Greg dizia o que precisava ser feito e Simon fazia ou se encarregava de garantir que alguém cuidasse daquilo. Ele não estava acostumado ao novo Greg, mais calmo e reflexivo, embora estivesse gostado dele e torcendo para que permanecesse daquele jeito.
     Fale mais sobre o que você está descobrindo em relação as pessoas, pediu Greg.
     Acho que nos esquecemos de que pessoas são seres humanos, começou Simon. toda empresa inventa um nome para os funcionários: "associados", "membros da tripulação", "parceiros", "parte do elenco". Aqui os chamamos de membros da equipe. Em muitos lugares, são apenas "empregados". O principal é que já não nos lembramos de que, acima de tudo, eles são seres humanos.
     Percebendo que Greg estava interessado de verdade no assunto, Simon continuou.
     O que diferencia as pessoas? Elas são únicas na capacidade que têm de imaginar um futuro mais promissor, de ter esperança nele e de tomar decisões para criá-lo. É isso que chamo de sonhar de modo proativo. Afinal, não é essa a história de todos os grandes homens e de todas as grandes famílias, equipes, empresas e nações?
     Simon parou por um momento e tomou um gole d'água antes de prosseguir. De alguma forma, nós somos os nossos sonhos. Mas paramos de sonhar porque acabamos sendo inteiramente envolvidos na batalha diária pela sobrevivência. Assim, passamos a viver em um desespero silêncioso. Pouco a pouco, a paixão e a energia vão desaparecendo da nossa vida.
     Você me inspirou, disse Greg, Só não vejo como transpor esse raciocínio para o ambiente de trabalho nem como isso pode nos ajudar a resolver o problema da rotatividade. Além disso, não estou certo de que nossa missão seja ajudar os funcionários a conquistar aquilo que eles desejam.
     Também não estou totalmente seguro disso ainda, admitiu Simon. Mas sei que, se criarmos uma conexão entre a atividade cotidiana das pessoas na empresa e seus sonhos para o futuro, vamos liberar uma energia que transformará o nosso negócio. E quanto ao argumento de que não temos a responsabilidade de auxiliar os funcionários a realizar seus sonhos, pergunte o seguinte: ajudar a outra pessoa a ter aquilo que ela deseja não é um dos objetivos principais de qualquer relacionamento?
     Greg e Simon ficaram conversando por horas até que Sandra não conseguiu mais conter as pessoas que os procuravam. Perguntas precisavam de respostas, telefonemas tinham que ser dados e havia reuniões a serem remarcadas. Todo mundo estava querendo saber sobre o que eles haviam falado por todo aquele tempo.